Fogo: Situação de calamidade está a ser aproveitada pelo Governo para corrigir obras mal feitas

Os deputados do PAICV pelo círculo eleitoral do Fogo acusam o Governo de estar a aproveitar a situação de calamidade para injetar dinheiros para corrigir obras “mal feitas”, executadas e em curso na ilha do Fogo.

Após concluir uma visita à ilha, o deputado Luís Pires, afirmou que contrariamente à “sentença” apresentada pela ministra das Infraestruturas, os estragos na cidade de São Filipe têm a ver com as obras “mal feitas” e “mal fiscalizadas” do governo e não com qualquer outra intervenção à montante feita no passado.

Referiu, a este propósito, que, no processo de asfaltagem de Congresso à praça do Presídio, apenas duas saídas de água mal dimensionadas foram feitas, o mesmo acontecendo no troço Congresso/Cruz dos Passos.

“Com menos chuvas, tivemos mais estragos que no passado” destacaram os deputados do PAICV, que desafiaram a ministra das Infraestruturas a provar que foram as intervenções do passado que provocaram as enxurradas.

Para os parlamentares do PAICV o valor atribuído a São Filipe, no quadro da situação de calamidade, é “demasiado insuficiente” para corrigir os erros cometidos, observando que este município precisa de avultados recursos para montar um novo sistema de drenagem adaptado aos novos tempos e não apenas de “migalhas” para repor a normalidade.

A fatia maior dos 93 mil contos anunciados para São Filipe, no dizer dos deputados do PAICV, é para financiar as próprias obras que estão a decorrer em São Filipe, porquanto há uma necessidade de o governo voltar a investir nas obras já que o primeiro dinheiro investido foi lançado ao mar. Agora, acrescenta Luís Pires, o Governo vai encarecer os investimentos públicos, refazendo os erros cometidos em vários pontos.

“O valor é manifestamente insuficiente e a própria ministra o reconheceu. Não esperávamos apenas valores financeiros para reposição da normalidade. É uma parte insignificante, que pode até chegar para repor a normalidade provisória, mas avultados recursos devem ser encaminhados a São Filipe,  para evitar a destruição da parte baixa da cidade onde nenhuma chuva do passado provocou estragos como estes”, disse.

Dos 105 mil contos orçamentos pela edilidade de São Filipe para reparar os estragos provocados pelas chuvas, apenas 12 mil contos destinam-se a obras municipais, salientam os deputados do PAICV,  para quem em situação de calamidades recursos suficientes devem ser direcionados a São Filipe que foi discriminado já que estes recursos não chegam para repor normalidade.

Segundo os deputados do PAICV, os recursos necessários ultrapassam os 200 mil contos para a drenagem capaz de salvaguardar as intervenções feitas, bem redimensionada e com aumento de linhas de desvio de água para as duas grandes ribeiras limítrofes da cidade.

“Um governo que se preze deve equacionar a possibilidade de intervenções estudadas, bem pensadas e com valores capazes de repor novo sistema de drenagem adaptado ao novo tempo”, advogou Luís Pires, sublinhando que um governo que chegue a Sumbango e diz que não tem nenhuma solução, nem técnica nem financeira, para aquela estrada é um governo com que o Fogo não pode contar.

Luís Pires avançou, por outro lado, que os danos verificados nas estradas de Piorno/Campanas de Cima e de Casinha a Fajã, sob a responsabilidade da câmara de Santa Catarina do Fogo, demonstram que são obras “mal feitas”.

“A resolução aprovada em Conselho de Ministros, na sequência da declaração do estado de calamidade está a ser vergonhosamente aproveitada por este Governo, para injetar dinheiro nas câmaras do Movimento para a Democracia (MpD) da região e sacrificar São Filipe e Mosteiros”, disse Luís Pires para quem a estrada de Sumbango, nos Mosteiros, que apresenta maior risco de perda de vidas humanas, não podia ficar de fora.

No dizer dos deputados do PAICV, o governo ao pretender beneficiar Brava e Santa Catarina do Fogo, segundo os mesmos, bem merecem, não precisava renegar parte do Fogo à condição de “filhos de fora”, sublinhando que se os deputados do MpD apoiam “esta tamanha discriminação” é porque não defendem a ilha do Fogo.

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